“Povo que não tem memória não sabe para onde vai...” Autor desconhecido
Desde a década de 50 os estudantes de Medicina Veterinária se reúnem para lutar por seus anseios. Inicialmente, em 1954, formaram com os estudantes de agronomia o Diretório Central dos Estudantes de Agronomia e Veterinária do Brasil (DCEAVB) o qual teve curta duração se desmembrando em 1956 em dois, o DCEAB (Agronomia) e DCEVB (Veterinária).
Em 1958, foi eleita a primeira diretoria do Diretório Central dos Estudantes de Veterinária do Brasil (DCEVB), no III Congresso Brasileiro dos Estudantes de Veterinária (C.B.E.V.) realizado no Rio de Janeiro. Assim, em 1959, realizou-se na Universidade Rural, o I Seminário Nacional de Ensino de Veterinária. Evento este que congregou estudantes e professores em um debate sobre a formação acadêmica do Médico Veterinário e traçou propostas importantíssimas para as reformas curriculares que anos mais tardes foram realizadas nas escolas de Med. Veterinária do país. Cada uma ao seu tempo.
No período de 16 à 22 de setembro de 1963, ocorreu o VIII C.B.E.V. em Santa Maria - RS, a direção do DCEVB foi para a Escola Nacional de Veterinária (que segundo documentos, provavelmente é a atual UFRRJ). Aparentemente, toda a direção do DCEVB, eleita no C.B.E.V., transferia-se para a Escola Nacional de Veterinária, onde ficava centralizada a sede da entidade.
Nos dias 23 à 30 de outubro de 1964, no IX C.B.E.V. ocorrido na Escola Superior de Agronomia e Veterinária da Universidade do Paraná, em Curitiba, foi eleita a nova direção do DCEVB, que continuou na Escola Nacional de Veterinária.
Veio o regime militar e com ele a repressão à liberdade política, ao direito à organização e à livre manifestação de idéias. Nesse contexto as entidades representativas de veterinária se apresentavam desarticuladas ou na clandestinidade, exceção feita àquelas em que seus dirigentes apoiaram o sistema.
Nesse mesmo ano, deveria acontecer o VI Seminário Nacional de Ensino de Veterinária, mas devido ao contexto da época não ocorreu. Esta impossibilidade de congregação tem reflexos ainda hoje presentes em nosso movimento estudantil, pois os estudantes ficaram desacreditados, outras vezes desiludidos com diretorias que apoiavam o regime opressivo para que pudessem continuar existindo. As diretorias que decidiam não apoiar o sistema tinham seus trabalhos barrados. Ainda hoje, em muitos lugares, os Diretórios são mal vistos devido aos conflitos daquela época.
Em 1968, foi realizado o XII C.B.E.V., no período de 9 à 14 de dezembro, em Niterói, último C.B.E.V. que se tem notícia. Houve então a total desarticulação do movimento estudantil de veterinária.
Em 1971, um grupo de estudantes de Botucatu - SP, realizou uma confraternização esportiva - cultural - social que foi denominada INTERVET. Os estados participantes foram RS, PR, RJ, SP, MG, GO, CE.
O fato é que estas confraternizações, pela própria condição de repressão política e de estarem vários alunos, de diferentes regiões, reunidos, deixaram de ser só esportivas e sociais e passaram a ser um momento de discussão sobre os problemas do curso, do ensino em geral e do país.
Talvez não tenha sido esta a intenção dos colegas de Botucatu, quando criaram o INTERVET, mas ele se tornou um espaço social - esportivo - cultural e político.
Em novembro de 1979 as entidades estudantis de Veterinária se reuniram em Brasília - DF para discutir o projeto Tecnológico e a Reformulação Curricular. Neste período, as lutas dos trabalhadores do ABC Paulista, a anistia parcial dos exilados de 1964 - 68, a extinção do AI-5 e outros movimentos permitiram o avanço da abertura política.
Em 1980, quando a sociedade civil se rearticulava, os estudantes de Veterinária, sentindo a necessidade de discussão, criaram o I ENEVET (Encontro Nacional dos Estudantes de Veterinária) que foi realizado junto ao VIII INTERVET, em Belo Horizonte - MG. A instituição de um espaço de discussões sobre a qualidade do ensino, a busca de alternativas a ordem implantada e à tecnologia imposta pelas multinacionais, além da reflexão sobre a conjuntura nacional, as questões agrária e a sociedade é um marco histórico para os estudantes de Veterinária.
No ano de 1982, acontecia o pleito eleitoral que provocou a reforma eleitoral para a formação do colégio eleitoral que elegeria o sucessor do então presidente João Figueiredo. É nesse mesmo ano que durante o III ENEVET, em Curitiba - PR, é criada a Executiva Nacional dos Estudantes de Veterinária - ENEV. No primeiro semestre a sede provisória da ENEV funcionou junto ao CA da Veterinária (Centro Acadêmico, um sinônimo de Diretório Acadêmico) da UFPR.
A partir de 29 de maio de 1983 a sede da ENEV ficou com o CA de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa - UFV. Nesta época a ENEV funcionava com 5 sedes regionais, e uma nacional. A luta contra o currículo da Comissão de Ensino em Ciências Agrárias (CECA) mostrava a preocupação com o tipo de formação profissional e a necessidade de voltá-la aos interesses populares.
Mostrando a preocupação com o agravamento da crise econômica e social, com a elevação da taxa de inflação, do desemprego e a desvalorização crescente do salário mínimo, o IV ENEVET realizou-se em 1983 em Viçosa - MG, tendo como temas: Sindicalismo; O que muda na pecuária com o FMI? A importância da Medicina Veterinária em Saúde Pública;Ecologia; A Universidade e a crise; A Medicina Veterinária como arte e como ciência.
Em 1984 acontecia o V ENEVET em Patos - PB, com 5 grupos de discussão que mostravam a preocupação com a democratização em todos os níveis de organização do país, a ecologia, e outras questões sociais (agrária, mulher e sindicalismo). Neste encontro, além do IX INTERVET, se realizou também o I Festival da Canção da Veterinária (FECAVET). A ENEV mudou de nome, passando-se a chamar Secretaria da Veterinária na UNE - SEVETUNE, com sede localizada em Goiânia, na UFG.
Em 1985, com a derrota da emenda das Diretas Já e eleições indiretas para presidente da república, forma um novo cenário político nacional, onde a Aliança Democrática (PMDB e PFL, este último partido conhecido atualmente como Democratas) formou uma força hegemônica "... que na verdade representava mudança camuflada sem ruptura com a antiga ordem" (retirada do documento Pro Dia Nascer Feliz - ENESSO). É nesse contexto que ocorre o VI ENEVET e o XII INTERVET em Lages - SC. Esse encontro fez deliberações sobre: Reforma Universitária e constituinte; Ensino em Medicina Veterinária; Política profissional; Política e reforma agrária; Meio ambiente e ecologia; Lei do técnico; Movimento estudantil.
Neste encontro ficou decidido que o ENEVET seria separado do INTERVET, uma vez que uma semana é pouco tempo para a realização de jogos, festas e discussões. Ficando "Uma semana por ano para as discussões, onde também acontece integração, e, uma semana por ano para a realização de jogos e integração, onde, paralelamente também acontece alguma discussão, isso melhora o INTERVET e subsidia as discussões para o ENEVET" (comissão organizadora do VII ENEVET). A nova coordenação nacional da SEVETUNE ficou para a UFRPE.
"É importante salientar que a constituinte que teremos, se dará nos marcos da ideologia burguesa e que tenha finalidade propícia de encerrar mais uma etapa de reaglutinação das forças do capitalismo, que através de seus vários níveis (representantes) apoiam o governo da Aliança Democrática" (Plenária Final do VI ENEVET).
Em 1986, ocorriam mobilizações e lutas político - ideológicas de forma a garantir a presença das mais variadas representações na Constituinte. E os estudantes de veterinária não ficaram atrás! Fizeram o dia Nacional de Mobilização, com o tema Reforma Agrária e Ecologia, além de uma passeata em defesa da reforma agrária no final do VII ENEVET, que ocorreu na UFMS.
No campo profissional intensificaram e questionaram o papel social do médico veterinário e criticaram a servidão e o autoritarismo do Congresso Brasileiro de Veterinária e as eleições para os órgãos representativos da categoria Veterinária. A coordenação nacional da SEVETUNE continuou na UFRPE.
Em 1987, realizou-se em Santa Maria - RS, o VIII ENEVET, e os temas debatidos foram: Ensino e universidade; Ciência e Tecnologia; Movimento estudantil; Conjuntura nacional e educação popular.
A coordenação Nacional da SEVETUNE foi assumida por estudantes de Pelotas e, neste momento, o MEV (Movimento Estudantil da Veterinária) se preocupava com a formação profissional, com a reforma agrária e também com o fortalecimento da SEVETUNE / ENEV e sua participação no ME e na sociedade.
No ano em que ocorreu a promulgação da nova constituição (1988), que apresentou alguns avanços apesar de ter alguns pontos atrasados, se realizava na UFRPE o IX ENEVET com o tema "Universidade em crise - Há soluções?". Os reflexos dos ataques às universidades públicas, uso do estado burguês como aparelho ideológico, além da busca de efetivar uma resistência a esta realidade ("não basta ficar somente em constatações" - Boletim 03 - SEVETUNE - set. 88) nortearam as discussões deste encontro. Acreditamos que a coordenação Nacional da SEVETUNE continuou em Pelotas.
Em 1989, o país passava por eleições presidenciais e durante o X ENEVET, na Universidade Federal Fluminense - UFF aconteceram fatos (por exemplo: ônibus da delegação da UFG patrocinado por um candidato) que levaram a plenária final deste encontro a não tirar propostas que viessem a orientar um programa estratégico para o MEV. Soma-se a isto a falta de estrutura orgânica mais dinâmica tanto interna como externamente ao MEV, sendo as entidades débeis e corporativas. O tema do X ENEVET foi "A Formação do Profissional de Veterinária".
Neste ano a ENEV ficou dividida em duas Executivas Regionais dos estudantes de Veterinária, sendo a sede da EREV - Sul a UFRGS e da EREV - Norte / Nordeste a UFRPE.
O XI ENEVET, que deveria acontecer em Pelotas (segundo deliberação da plenária final do ENEVET anterior), em julho de 1990 foi adiado para dezembro (ou janeiro de 1991, não temos documentos claros a este respeito), pois o contato com as escolas estava deficiente e as mesmas estavam desarticuladas e carentes de recursos. Em CEBEV, Pelotas retirou sua proposta de sediar o XI ENEVET, por falta de estrutura e a USP ficou responsável de tentar sediá-lo.
O CEBEV - Nacional (acontecia um no Sul e outro no Nordeste) marcado para setembro/90 na USP foi cancelado e o XI ENEVET acabou não acontecendo. A temática deveria ser "Abertura de novas escolas, questão agrária e saúde pública".
Alguns alunos durante o 41º Congresso da UNE (CONUNE), convocaram uma reunião dos estudantes de veterinária na busca de criar uma articulação mínima a nível nacional e assim permitir a construção do Encontro Nacional. Resolveram realizar em novembro de 1991 na Fazenda de Igarapé - UFMG um CEBEV onde se deliberou que o XI ENEVET seria na UFMG, tendo em vista a retirada da candidatura (por falta de estrutura) da USP.
A partir deste CEBEV as discussões e correlações de forças começaram a se estabelecer (sendo os principais pilares desta "rixa" a UECE e a UFMG).
No XI ENEVET, realizado em abril de 1992 em Belo Horizonte-MG, que teve como tema "Saúde Publica e Produção Animal", ocorreu uma certa discussão sobre o MEG e o MEV, embora precisasse de um maior aprofundamento por ser um momento de rearticulação. Essa discussão permitiu que o MEV retomasse a discussão e partisse para realizar em Fortaleza-CE o XII ENEVET. A coordenação Nacional da ENEV ficou com os estudantes da UFMG. A necessidade de consolidação dos espaços do MEV levou os CEBEV’s a discutirem prioritariamente sua própria construção e a do ENEVET.
Acontece, em 1993, na Universidade Estadual do Ceará - UECE, o XII ENEVET, com o tema "Veterinário: Formação, Atuação e a transformação social". O clima oriundo dos CEBEV’s era bastante ativo politicamente e neste encontro as discussões continuaram necessitando de maior aprofundamento, embora a conjuntura política não permitisse. A UFRPE ficou com a sede do XIII ENEVET e com os colegas da UECE, a Coordenação Nacional da ENEV.
A greve das universidades federais adiou o XIII ENEVET de julho para setembro de 1994, diminuindo o número de participantes esperados. Com o tema "Acadêmicos de Veterinária: quem somos nós?" subdividido em três eixos: Política geral e ME; Educação e Ensino; Formação individual.
O XIII ENEVET representou um momento delicado e importante para o MEV, pois, dentro de um momento de crise da sociedade como um todo ele (que estava em profunda crise interna) precisava se definir e buscar a construção de um mundo novo.
A Plenária Final deste encontro foi o auge desta "crise" interna (que teve inicio em 1992) na qual, por muito pouco, quase se desarticula novamente o MEV. Neste momento conturbado da história do MEV, se inicia um período que podemos chamar de "transição", que se constitui na mudança de sua concepção política e das relações entre as escolas. A Coordenação Nacional continuou na UECE.
O 1º CEBEV desta gestão foi crucial para a reestruturação da ENEV. Ocorrido em novembro de 1994, em Igarapé, na fazenda da UFMG (com presença das escolas: UECE, UFG, UFMG, UFBA, USP e UFRGS), além de se discutir e encaminhar o MEV, este CEBEV teve como principal ponto, o fim das rixas internas até então existentes dentro da ENEV que atravancavam o desenvolvimento de seu trabalho.
Outro ponto importante deste CEBEV foi a conscientização da Executiva da importância do CBICCA (Congresso Brasileiro de Iniciação Científica das Ciências Agrárias), congresso esse (teoricamente) promovido pelas três executivas da área de ciências agrárias: FEAB (Agronomia), ABEEF (Engenharia Florestal) e ENEV e que pelos próprios problemas enfrentados pela ENEV até então, a Veterinária estava ausente de sua organização e até mesmo a sua participação durante o evento era insignificante.
Realizou-se então uma reunião da ENEV com a coordenação Nacional da FEAB em Viçosa - MG, que não foi muito produtiva e o XIV CBICCA aconteceu neste mesmo ano sem presença significativa da veterinária. Estavam presentes além do CA de veterinária da UFV, apenas a coordenação regional SE-1 da ENEV.
Em janeiro de 1995 realizou-se o 2º CEBEV da gestão 94/95 em Pirassununga-SP e, finalmente no 3º CEBEV da gestão, ocorrido em Fortaleza - CE, foi extinto o último resquício das "rixas", tornando-se a ENEV uma entidade realmente unida, mas a ENEV não estava livre de todos os problemas... A comissão organizadora do ENEVET estava desarticulada e não pode estar presente no CEBEV. A ENEV então garantiu a estrutura política do ENEVET deixando apenas a estrutura física para a comissão organizadora. Então, em 1995, na fazenda da USP em Pirassununga, apesar das varias dificuldades enfrentadas pela comissão organizadora, aconteceu o XIV ENEVET com o tema "O Ensino de Veterinária do Acadêmico ao Profissional", tendo como subtemas a criação de novas escolas, etc.
Neste encontro mudou-se a estruturação da ENEV, sendo criadas as secretarias de Arquivo e Documentação, Movimentos Sociais, Organização e Formação Política, Ensino e Formação Profissional, Ecologia, Cultura e as Secretarias por Escola e as secretarias de Ciências Agrárias e Imprensa foram dissociadas da Coordenação Nacional. A Coordenação Nacional foi mais uma vez para a UECE, mas devido a dificuldades da escola, seu trabalho foi dividido com a UFMG que ficou responsável pelo XVI CBICCA e pela rearticulação da Regional Sul, que há tempos se apresentava deficiente e, saiu do ENEVET sem coordenação.
Outro ponto problemático desse ENEVET foi a sucessão do próprio encontro. Como a ENEV estava em transição entre os quadros antigos e os novos, e não houve um trabalho de base eficiente, não existia nenhuma escola preparada para sediar o evento. O próximo ENEVET foi então para a UFV, que estava representada apenas por um estudante no encontro que acabou cedendo à pressão e heroicamente assumiu sozinho a organização do XV ENEVET.
A participação da ENEV e da Veterinária como um todo no XV CBICCA ocorrido em novembro deste ano em Maringá - PR, mais uma vez foi deficiente, mas representou um importante avanço no qual se conseguiu contato mais firme com algumas escolas do Sul e com a FEAB e a ABEEF, o que permitiu a rearticulação da regional Sul e uma maior participação da ENEV na construção do XVI CBICCA.
Em janeiro de 1996, para aumentar a integração entre as Executivas, pela primeira vez a Coordenação Nacional da ENEV participou de um Estágio Interdiciplinar de Vivência, promovido pela FEAB, em Viçosa - MG, e em fevereiro, a secretaria de Arquivos e Documentação participou da reunião de repasse do CBICCA realizada em Santa Maria - RS.
Grandes vitórias foram conseguidas nesta gestão da ENEV, destacamos principalmente o reconhecimento pelas entidades de Veterinária, da ENEV como entidade máxima de representação dos estudantes de veterinária e a incorporação da ENEV na estrutura da ABEMVET (Associação Brasileira de Ensino de Medicina Veterinária), entidade promotora do Seminário Nacional de Ensino de Medicina Veterinária. O fortalecimento interno da Executiva e a consolidação dos contatos, não só com as escolas que nunca participaram do ENEVET, mas também das que participam ou já participaram. Por outro lado, o trabalho de base ainda foi deficiente, e a ENEV continuou sem quadros novos.
O XV ENEVET, em 1997, ocorrido em Viçosa, com o tema "Ciências Agrárias Saúdo pública - O Veterinário na Construção da Cidadania" acabou sendo um sucesso em organização. Apesar do adiantamento do encontro para setembro, devido à greve das universidades públicas, houve participação significativa de mais de 200 estudantes vindos de 14 escolas, no entanto mais uma vez a ENEV foi deficiente em seu trabalho de base, e novamente houve problemas na sucessão, sendo que ao final do encontro, não se tinha uma sede para o próximo ENEVET e a Coordenação Nacional acabou sendo "empurrada" para a UFRPE, sendo que o trabalho mais uma vez foi dividido, ficando a UFMG responsável pelo CBICCA, e pela relação com outras executivas e UNE e a UECE pelas questões de ensino da veterinária e relação com CFMV, etc. As coordenações regionais Sudeste 2 e Centro Oeste ficaram também sem sede.
Foram acrescentadas duas secretarias: de Esporte e de Relações Exteriores. Outra mudança estatutária importante foi a vinculação do 1º CEBEV das próximas gestões da ENEV ao CBICCA com a finalidade de aumentar, tanto a participação dos estudantes de veterinária no congresso, como o compromisso do MEV com o CBICCA.
Em outubro de 1996, aconteceu o XVI CBICCA em Santa Maria - RS, com o tema: "Desafios da Iniciação Científica para o Desenvolvimento Social, Frente a Globalização" que contou com a participação recorde da Veterinária. Estavam presentes cerca de 50 estudantes dos quais 8 pertenciam a ENEV. Foi realizado pela primeira vez durante o CBICCA um CEBEV tendo 9 escolas presentes. A sede tirada para o XVII CBICCA foi Goiânia - GO.
A participação na construção do CBICCA, embora tenha sido muito maior que nos anos anteriores, não foi ainda a ideal, pois como a ENEV ainda passava por um momento de crise, apenas as secretarias de Arquivos e Documentação e Ciências Agrárias e na "reta final" a coordenação regional sul estiveram presentes. Apesar de ter sido um avanço grande, de toda a comissão organizadora, apenas dois eram da Veterinária, e a ENEV, assim como "todo movimento estudantil, abandonou a comissão organizadora do XVI CBICCA, apesar dos compromissos firmados no XV. Por isso o CBICCA está a cara de Santa Maria, as Executivas não contribuíram em praticamente nada..." (avaliação feita na plenária final do congresso pelo comissão organizadora do XVI CBICCA). E em relação à sucessão a contribuição da ENEV também foi fraca, ficando polarizada a discussão entre a sede e a FEAB.
A relação com as outras executivas também melhorou bastante, mas ainda se percebiam claramente as rixas existentes, principalmente entre FEAB e ENEV. No CEBEV realizado em janeiro de 1997, na UFRRJ, Seropédica-RJ, a UFMT se comprometeu a sediar o XVI ENEVET, além de assumir a coord. regional Centro Oeste. Então, em julho de 1997, ocorreu o XVI ENEVET, em Cuiabá-MT, com o tema: "A Medicina Veterinária e o Neoliberalismo", onde pela primeira vez ocorreu o Curso de Coordenadores de Grupo. A ENEV e a comissão organizadora do XVI ENEVET não concordaram com os rumos do ENEVET, e a construção do evento acabou sendo problemática.
A secretaria de Arquivos e Documentação e de Imprensa foram fundidas e se transformaram em um único cargo (coordenação de Comunicação e Arquivo) dentro da estrutura da coordenação nacional. A nova coordenação nacional foi para a UFRRJ e o ENEVET para a UFPel e o XVII CBICCA ocorreu em Goiânia-GO, em novembro de 1997. A organização desse congresso foi muito problemática, pois a comissão organizadora local e as três executivas promotoras do evento não concordavam entre si. Houve então uma grande aproximação entre a ENEV, FEAB e a ABEEF. Ao final do congresso, por não concordar com os posicionamentos da comissão organizadora local (Goiânia-GO), a ENEV e a ABEEF se retiraram da organização do XVII CBICCA. A UFMT assumiu a realização do XVIII CBICCA. Em 1998, ocorreu em Pelotas-RS o XVII ENEVET, que teve muitos problemas em sua organização, sendo um encontro onde praticamente só estavam presentes os militantes da ENEV, tendo um total de menos de 100 (cem) participantes. Como resultado, a discussão política foi elevada, mas o trabalho de base deixou a desejar.
A Nova coordenação nacional foi para a UFMT e o ENEVET para Fortaleza-CE. Nesse ano, além da organização do XVIII CBICCA a ENEV visitou várias escolas de veterinária do país, melhorando seu trabalho de base. Teve uma atuação importante no CONUNE (Belo Horizonte-MG), e pela primeira vez foi realizado o Seminário de Construção do ENEVET. No XVIII CBICCA, ficou decidido que em 1999 não seria realizado outro congresso, e sim o Seminário de Ciência e Tecnologia, com o objetivo de repensar o CBICCA, que já não estava mais atingindo o seu objetivo. Em agosto de 1999, em Fortaleza-CE, aconteceu o XVIII ENEVET. A Coord. Nacional foi pra Pelotas e o ENEVET pra UFG. E em julho de 2000, o XIX ENEVET ocorreu em Goiânia-GO. A coord. Nacional da ENEV ficou em Goiânia e o XX ENEVET foi para a UFF.
No ano de 2001 o XXI ENEVET aconteceu em Santa Maria, na UFSM, e a temática foi “A Medicina Veterinária e a Sociedade”. A coordenação nacional ficou sediada na própria escola, sendo composta pelos estudantes Marcos Piccin, Maurício Piccin e Sérgio Barcelos. A Gestão “A luta não pode parar” começou todo debate sobre a construção do Projeto Político Pedagógico da Medicina Veterinária (PPPMV) de forma consciente já que todos os cursos de Veterinária do país passariam pelos processos de reforma curricular. Buscando, então, ampliar as discussões a ENEV começou a Campanha Nacional para construir o SENEV (Seminário Nacional de Ensino da Veterinária) e Rediscutir a Veterinária como nossos predecessores em 1959. Além disso, começaram a dar os primeiros e importantes passos para construção de um programa que pudesse trazer para dentro da universidade a discussão da questão agrária. Nasceu o Programa Nacional de Formação. Foi durante essa gestão que o Movimento Estudantil da área da saúde e Ministério da Saúde fizeram a parceria para construir um estágio interdisciplinar de vivência no Sistema Único de Saúde (SUS) – VER-SUS/Brasil. A discussão questionando o Exame Nacional de Certificação Profissional (ENCP) também foi acesa e todos os encontros deliberaram pela luta da ENEV para a derrubada do exame. Nessa gestão se ampliaram os contatos com as escolas do país. O XXII ENEVET ocorreu em Curitiba-UFPR no período de 07 a 13 de setembro de 2003, com a temática “A Medicina Veterinária frente à saúde pública e a reforma curricular”. A coordenação nacional foi aclamada para UFSM – assumiram os estudantes: Aline Muller, Esther Elisa Wachholz, Laimar T. Pedroso e Ronaldo Decker. A Gestão “Cabe a Nós Transformar” assumiu a construção do SENEV, que ocorreu de 4 a 6 de março de 2004 em Brasília. Durante o SENEV, foram discutidos os rumos do ensino em veterinária. Através dos grupos de discussão e de trabalho conseguimos debater a Veterinária ligada a Ciência e Tecnologia, Saúde, Organização Curricular, Metodologia de Ensino e Capacitação Docente, estágios e Meio Ambiente e em plenária final expor nossas propostas de melhoria de ensino.
Aconteceram também naquela gestão dois CEBEV`s: na UFRPE( 08 a 12 de janeiro) e na UFRRJ( 10 a 12 de junho). O projeto-piloto de VER-SUS ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro de 2004, sendo que 6 estudantes da Veterinária participaram. Na ótica do PNF – várias escolas em todo o país construíram seminários, estágios de vivência e CEPA´s. Várias vitórias em cima do Exame ENCP forma alcançadas em diversos estados e escolas do país, com a ajuda da campanha nacional pelo fim do ENCP. Através das visitas as escolas conseguimos aumentar em muito nossos contatos. Os estudantes de veterinária estão cada vez mais cientes da representação da ENEV e do apoio que esta propicia. A discussão da questão agrária, da saúde, da reforma curricular, do ENCP foi aumentada de forma considerável o que garante um Movimento estudantil da veterinária cada vez mais articulado.
O XXIII ENEVET ocorre em Belo Horizonte/MG, na UFMG, durante os dias de 31 de julho a 8 de agosto de 2004. Os principais eixos temáticos são mantidos, sobretudo no processo recente que a Executiva estava de construir vários Estágios Interdisciplinar de Vivencia (EIV's) em todo o país. Assume ao fim, a nova CN, com a UFRRJ, que ainda fica incubida de construir o próximo Encontro, em Seropédica/RJ. Dessa forma, em 2005, acontece então o XXIV ENEVET o qual, se mostrava muita maturidade nos debates, já começava a dar mostras de esvaziamento dos espaços da ENEV. Ainda assim conta com aproximadamente uma centena de estudantes, e a Coordenação Nacional acaba por ficar com a UFRPE, que também assume a construção do Encontro seguinte, o XXV ENEVET, em Recife/PE em 2006.
A Coordenação Nacional da ENEV fica mais uma vez na UFRPE. A nova gestão assume sob o nome “Nosso sacrifício é consciente. É a quota a pagar pela liberdade”. Frase célebre de Che Guevara, apontamento da dificuldade de mobilização que a Executiva passava, sinal dos tempos do Movimento Estudantil no país como um todo. Acontece ainda nesse ano um CEBEV em Conselheiro Lafaiete-MG, na Unipac, instituição particular que muda um pouco o caráter de discussão em torno de qual defesa de educação a Executiva iria fazer. Mantém-se a pauta pela educação pública e gratuita, mas atenção especial deve ser dada também aos casos do ensino privado. Este CEBEV coloca como apontamento um tema novo para o próximo Encontro Nacional, que é do “Bem-Estar Animal”. Mesmo sob discussões polêmicas dentro da Diretoria da Executiva, o tema segue em frente perpassando pelo outro CEBEV que aconteceu em Janeiro de 2007, em Belo Horizonte, até o 26º ENEVET propriamente dito em Salvador-BA, na UFBA. Esse período ainda ficou marcado pela aproximação que a Executiva teve na construção dos Estágios Interdisciplinares de Vivência (EIV´s), sobretudo em Minas Gerais, e contando com a participação de militantes da Executiva enquanto estagiários deste, que aconteceu entre Janeiro e Fevereiro de 2007.
Do 26º ENEVET, podemos dizer que a ENEV começa um novo ciclo (que se estende até os dias de hoje) no qual a maioria das referências militantes se formam em seus cursos, exigindo uma maior força e dedicação dos “novos” que ali assumiriam. Ainda assim nesse ENEVET novos contatos foram feitos, com especial atenção à UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia), de Belém-PA. Contato que se perde, assim como de muitas outras Escolas. O ENEVET em si teve boa participação, sobretudo com a curiosidade e renovação nos debates com a temática “O Bem-Estar Animal e o Impacto do Antropocentrismo sobre a relação humana e entre as espécies”. Deste ENEVET assume uma Coordenação Nacional (gestão “A beleza de ser um eterno aprendiz”) de duas escolas: duas estudantes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, e um da própria UFBA. As perspectivas de organização, inicialmente com grande expectativas devido ao grande número de Coordenações Regionais assumidas (Sudeste, Sul, Nordeste e Norte), é frustrada diante da pouca articulação entre os mesmos. Têm-se ainda no mesmo ano de 2007 um CEBEV em Salvador, que encaminha o próximo Encontro Nacional para Belo Horizonte-MG. Foi um CEBEV com participação, além da CN e da Escola local, apenas do próprio grupo da UFMG, que viria a assumir a Comissão Organizadora do Encontro que viria a ser realizado no ano seguinte. Assim, decide-se não se realizar outro CEBEV, a partir da avaliação de dificuldade de organização para os mesmos e necessidade de se concentrar forças para o ENEVET.
A necessidade de se debater a formação profissional volta à tônica dos debates, e o 27º ENEVET, realizado em Belo Horizonte em Julho de 2008, tem como temática “O estudante construindo alternativas para o ensino de Veterinária”. Tentava-se ali ressaltar o papel protagonista do Estudante no debate de ensino e educação em sua Escola. Porém, a participação no Encontro é muito baixa, e dessa avaliação vê-se a necessidade de se pensar novas formas de atrair o estudante para a militância. Além disso, buscar contatos com novas escolas torna-se tarefa urgente. Diante desse cenário assume, na figura de três estudantes da UFMG, a Coordenação Nacional sob o nome “Faz escuro, mas cantamos”. Significado do momento da Executiva e do ME, mas significado também da esperança que se reacendia diante da possibilidade de se renovar.
As limitações são colocadas, e constrói-se um CEBEV em Belo Horizonte, em dezembro de 2008, no qual conta com a participação, com exceção da CN, apenas de novos estudantes que nunca haviam participado de um espaço da ENEV, e também de escolas que há muito não participavam. Eram elas UFMT, Unesp-Botucatu, UEL, UFLA e UFRRJ. Esse cenário exigiu um esforço maior de formação de base, requerendo tanto dos CEBEV's quanto ENEVET's que viriam, uma formação mais básica sobre os eixos históricos que a Executiva defendeu. E mais um desafio, creditar a confiança de construção de um próximo ENEVET em uma Universidade que não tinha há algum tempo histórico dentro do MEVET. É assim que assume a tarefa do XXVIII ENEVET o DA da Unesp de Botucatu, que o constrói sob metodologia semelhante ao último. Acontece em 2009, sob o tema “Saúde Pública: de quem é a culpa?”. No Encontro estavam presentes poucas Escolas, mas incluído aí mais pessoas que já tinha experiência com o Encontro. Sob o desafio de manter uma estrutura mínima e garantir o máximo possível de articulação e novos contatos, assume a CN a Unesp e UFRPE.
O nome da gestão caracteriza a etapa que vive a Executiva: “Plantando sementes”. É retomada, embora de forma ainda insipiente, algumas passadas, sobretudo no Nordeste e no Norte, articulado à FEAB. Ocorre, no fim do mesmo ano, um CEBEV em Botucatu/SP, no qual foi debatido intensamente a necessidade de se buscar novas metodologias para atrair estudantes para o Movimento Estudantil. É colocada a necessidade de se haver maior formação dos Coordenadores dos fóruns. Com a presença expressiva do DAMVET da UFSM, os mesmos assumem a construção do XXIX ENEVET, que ocorre em 2010, em Santa Maria/RS, sob a temática “Formação Profissional: que profissionais queremos ser?”. Embora com limitações, é retomado a ideia do curso de coordenadores, bem como é colocado em pauta, novamente, a necessidade de se articular com maior intensidade ao Movimento Estudantil Geral.
A Executiva atualmente passa ainda por um processo recente de reorganização e renovação do quadro de estudantes que a constroem. É colocada ainda mais em pauta a necessidade de se buscar novos contatos, realizar mais passadas, estreitar os laços de organização para que tudo seja construído coletivamente. É nessa perspectiva que assume a atual Coordenação Nacional, contando com participação de estudantes da UFSM, UFRPE e UFMG. O primeiro indicativo dado é a construção de um CEBEV, em Belo Horizonte/MG, ainda nesse ano de 2010.
E assim a história se segue, do passado ao presente, apontando um novo futuro. Convidamos à todos os estudantes de Veterinária do país a fazerem parte dessa história!
Em 1958, foi eleita a primeira diretoria do Diretório Central dos Estudantes de Veterinária do Brasil (DCEVB), no III Congresso Brasileiro dos Estudantes de Veterinária (C.B.E.V.) realizado no Rio de Janeiro. Assim, em 1959, realizou-se na Universidade Rural, o I Seminário Nacional de Ensino de Veterinária. Evento este que congregou estudantes e professores em um debate sobre a formação acadêmica do Médico Veterinário e traçou propostas importantíssimas para as reformas curriculares que anos mais tardes foram realizadas nas escolas de Med. Veterinária do país. Cada uma ao seu tempo.
No período de 16 à 22 de setembro de 1963, ocorreu o VIII C.B.E.V. em Santa Maria - RS, a direção do DCEVB foi para a Escola Nacional de Veterinária (que segundo documentos, provavelmente é a atual UFRRJ). Aparentemente, toda a direção do DCEVB, eleita no C.B.E.V., transferia-se para a Escola Nacional de Veterinária, onde ficava centralizada a sede da entidade.
Nos dias 23 à 30 de outubro de 1964, no IX C.B.E.V. ocorrido na Escola Superior de Agronomia e Veterinária da Universidade do Paraná, em Curitiba, foi eleita a nova direção do DCEVB, que continuou na Escola Nacional de Veterinária.
Veio o regime militar e com ele a repressão à liberdade política, ao direito à organização e à livre manifestação de idéias. Nesse contexto as entidades representativas de veterinária se apresentavam desarticuladas ou na clandestinidade, exceção feita àquelas em que seus dirigentes apoiaram o sistema.
Nesse mesmo ano, deveria acontecer o VI Seminário Nacional de Ensino de Veterinária, mas devido ao contexto da época não ocorreu. Esta impossibilidade de congregação tem reflexos ainda hoje presentes em nosso movimento estudantil, pois os estudantes ficaram desacreditados, outras vezes desiludidos com diretorias que apoiavam o regime opressivo para que pudessem continuar existindo. As diretorias que decidiam não apoiar o sistema tinham seus trabalhos barrados. Ainda hoje, em muitos lugares, os Diretórios são mal vistos devido aos conflitos daquela época.
Em 1968, foi realizado o XII C.B.E.V., no período de 9 à 14 de dezembro, em Niterói, último C.B.E.V. que se tem notícia. Houve então a total desarticulação do movimento estudantil de veterinária.
Em 1971, um grupo de estudantes de Botucatu - SP, realizou uma confraternização esportiva - cultural - social que foi denominada INTERVET. Os estados participantes foram RS, PR, RJ, SP, MG, GO, CE.
O fato é que estas confraternizações, pela própria condição de repressão política e de estarem vários alunos, de diferentes regiões, reunidos, deixaram de ser só esportivas e sociais e passaram a ser um momento de discussão sobre os problemas do curso, do ensino em geral e do país.
Talvez não tenha sido esta a intenção dos colegas de Botucatu, quando criaram o INTERVET, mas ele se tornou um espaço social - esportivo - cultural e político.
Em novembro de 1979 as entidades estudantis de Veterinária se reuniram em Brasília - DF para discutir o projeto Tecnológico e a Reformulação Curricular. Neste período, as lutas dos trabalhadores do ABC Paulista, a anistia parcial dos exilados de 1964 - 68, a extinção do AI-5 e outros movimentos permitiram o avanço da abertura política.
Em 1980, quando a sociedade civil se rearticulava, os estudantes de Veterinária, sentindo a necessidade de discussão, criaram o I ENEVET (Encontro Nacional dos Estudantes de Veterinária) que foi realizado junto ao VIII INTERVET, em Belo Horizonte - MG. A instituição de um espaço de discussões sobre a qualidade do ensino, a busca de alternativas a ordem implantada e à tecnologia imposta pelas multinacionais, além da reflexão sobre a conjuntura nacional, as questões agrária e a sociedade é um marco histórico para os estudantes de Veterinária.
No ano de 1982, acontecia o pleito eleitoral que provocou a reforma eleitoral para a formação do colégio eleitoral que elegeria o sucessor do então presidente João Figueiredo. É nesse mesmo ano que durante o III ENEVET, em Curitiba - PR, é criada a Executiva Nacional dos Estudantes de Veterinária - ENEV. No primeiro semestre a sede provisória da ENEV funcionou junto ao CA da Veterinária (Centro Acadêmico, um sinônimo de Diretório Acadêmico) da UFPR.
A partir de 29 de maio de 1983 a sede da ENEV ficou com o CA de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa - UFV. Nesta época a ENEV funcionava com 5 sedes regionais, e uma nacional. A luta contra o currículo da Comissão de Ensino em Ciências Agrárias (CECA) mostrava a preocupação com o tipo de formação profissional e a necessidade de voltá-la aos interesses populares.
Mostrando a preocupação com o agravamento da crise econômica e social, com a elevação da taxa de inflação, do desemprego e a desvalorização crescente do salário mínimo, o IV ENEVET realizou-se em 1983 em Viçosa - MG, tendo como temas: Sindicalismo; O que muda na pecuária com o FMI? A importância da Medicina Veterinária em Saúde Pública;Ecologia; A Universidade e a crise; A Medicina Veterinária como arte e como ciência.
Em 1984 acontecia o V ENEVET em Patos - PB, com 5 grupos de discussão que mostravam a preocupação com a democratização em todos os níveis de organização do país, a ecologia, e outras questões sociais (agrária, mulher e sindicalismo). Neste encontro, além do IX INTERVET, se realizou também o I Festival da Canção da Veterinária (FECAVET). A ENEV mudou de nome, passando-se a chamar Secretaria da Veterinária na UNE - SEVETUNE, com sede localizada em Goiânia, na UFG.
Em 1985, com a derrota da emenda das Diretas Já e eleições indiretas para presidente da república, forma um novo cenário político nacional, onde a Aliança Democrática (PMDB e PFL, este último partido conhecido atualmente como Democratas) formou uma força hegemônica "... que na verdade representava mudança camuflada sem ruptura com a antiga ordem" (retirada do documento Pro Dia Nascer Feliz - ENESSO). É nesse contexto que ocorre o VI ENEVET e o XII INTERVET em Lages - SC. Esse encontro fez deliberações sobre: Reforma Universitária e constituinte; Ensino em Medicina Veterinária; Política profissional; Política e reforma agrária; Meio ambiente e ecologia; Lei do técnico; Movimento estudantil.
Neste encontro ficou decidido que o ENEVET seria separado do INTERVET, uma vez que uma semana é pouco tempo para a realização de jogos, festas e discussões. Ficando "Uma semana por ano para as discussões, onde também acontece integração, e, uma semana por ano para a realização de jogos e integração, onde, paralelamente também acontece alguma discussão, isso melhora o INTERVET e subsidia as discussões para o ENEVET" (comissão organizadora do VII ENEVET). A nova coordenação nacional da SEVETUNE ficou para a UFRPE.
"É importante salientar que a constituinte que teremos, se dará nos marcos da ideologia burguesa e que tenha finalidade propícia de encerrar mais uma etapa de reaglutinação das forças do capitalismo, que através de seus vários níveis (representantes) apoiam o governo da Aliança Democrática" (Plenária Final do VI ENEVET).
Em 1986, ocorriam mobilizações e lutas político - ideológicas de forma a garantir a presença das mais variadas representações na Constituinte. E os estudantes de veterinária não ficaram atrás! Fizeram o dia Nacional de Mobilização, com o tema Reforma Agrária e Ecologia, além de uma passeata em defesa da reforma agrária no final do VII ENEVET, que ocorreu na UFMS.
No campo profissional intensificaram e questionaram o papel social do médico veterinário e criticaram a servidão e o autoritarismo do Congresso Brasileiro de Veterinária e as eleições para os órgãos representativos da categoria Veterinária. A coordenação nacional da SEVETUNE continuou na UFRPE.
Em 1987, realizou-se em Santa Maria - RS, o VIII ENEVET, e os temas debatidos foram: Ensino e universidade; Ciência e Tecnologia; Movimento estudantil; Conjuntura nacional e educação popular.
A coordenação Nacional da SEVETUNE foi assumida por estudantes de Pelotas e, neste momento, o MEV (Movimento Estudantil da Veterinária) se preocupava com a formação profissional, com a reforma agrária e também com o fortalecimento da SEVETUNE / ENEV e sua participação no ME e na sociedade.
No ano em que ocorreu a promulgação da nova constituição (1988), que apresentou alguns avanços apesar de ter alguns pontos atrasados, se realizava na UFRPE o IX ENEVET com o tema "Universidade em crise - Há soluções?". Os reflexos dos ataques às universidades públicas, uso do estado burguês como aparelho ideológico, além da busca de efetivar uma resistência a esta realidade ("não basta ficar somente em constatações" - Boletim 03 - SEVETUNE - set. 88) nortearam as discussões deste encontro. Acreditamos que a coordenação Nacional da SEVETUNE continuou em Pelotas.
Em 1989, o país passava por eleições presidenciais e durante o X ENEVET, na Universidade Federal Fluminense - UFF aconteceram fatos (por exemplo: ônibus da delegação da UFG patrocinado por um candidato) que levaram a plenária final deste encontro a não tirar propostas que viessem a orientar um programa estratégico para o MEV. Soma-se a isto a falta de estrutura orgânica mais dinâmica tanto interna como externamente ao MEV, sendo as entidades débeis e corporativas. O tema do X ENEVET foi "A Formação do Profissional de Veterinária".
Neste ano a ENEV ficou dividida em duas Executivas Regionais dos estudantes de Veterinária, sendo a sede da EREV - Sul a UFRGS e da EREV - Norte / Nordeste a UFRPE.
O XI ENEVET, que deveria acontecer em Pelotas (segundo deliberação da plenária final do ENEVET anterior), em julho de 1990 foi adiado para dezembro (ou janeiro de 1991, não temos documentos claros a este respeito), pois o contato com as escolas estava deficiente e as mesmas estavam desarticuladas e carentes de recursos. Em CEBEV, Pelotas retirou sua proposta de sediar o XI ENEVET, por falta de estrutura e a USP ficou responsável de tentar sediá-lo.
O CEBEV - Nacional (acontecia um no Sul e outro no Nordeste) marcado para setembro/90 na USP foi cancelado e o XI ENEVET acabou não acontecendo. A temática deveria ser "Abertura de novas escolas, questão agrária e saúde pública".
Alguns alunos durante o 41º Congresso da UNE (CONUNE), convocaram uma reunião dos estudantes de veterinária na busca de criar uma articulação mínima a nível nacional e assim permitir a construção do Encontro Nacional. Resolveram realizar em novembro de 1991 na Fazenda de Igarapé - UFMG um CEBEV onde se deliberou que o XI ENEVET seria na UFMG, tendo em vista a retirada da candidatura (por falta de estrutura) da USP.
A partir deste CEBEV as discussões e correlações de forças começaram a se estabelecer (sendo os principais pilares desta "rixa" a UECE e a UFMG).
No XI ENEVET, realizado em abril de 1992 em Belo Horizonte-MG, que teve como tema "Saúde Publica e Produção Animal", ocorreu uma certa discussão sobre o MEG e o MEV, embora precisasse de um maior aprofundamento por ser um momento de rearticulação. Essa discussão permitiu que o MEV retomasse a discussão e partisse para realizar em Fortaleza-CE o XII ENEVET. A coordenação Nacional da ENEV ficou com os estudantes da UFMG. A necessidade de consolidação dos espaços do MEV levou os CEBEV’s a discutirem prioritariamente sua própria construção e a do ENEVET.
Acontece, em 1993, na Universidade Estadual do Ceará - UECE, o XII ENEVET, com o tema "Veterinário: Formação, Atuação e a transformação social". O clima oriundo dos CEBEV’s era bastante ativo politicamente e neste encontro as discussões continuaram necessitando de maior aprofundamento, embora a conjuntura política não permitisse. A UFRPE ficou com a sede do XIII ENEVET e com os colegas da UECE, a Coordenação Nacional da ENEV.
A greve das universidades federais adiou o XIII ENEVET de julho para setembro de 1994, diminuindo o número de participantes esperados. Com o tema "Acadêmicos de Veterinária: quem somos nós?" subdividido em três eixos: Política geral e ME; Educação e Ensino; Formação individual.
O XIII ENEVET representou um momento delicado e importante para o MEV, pois, dentro de um momento de crise da sociedade como um todo ele (que estava em profunda crise interna) precisava se definir e buscar a construção de um mundo novo.
A Plenária Final deste encontro foi o auge desta "crise" interna (que teve inicio em 1992) na qual, por muito pouco, quase se desarticula novamente o MEV. Neste momento conturbado da história do MEV, se inicia um período que podemos chamar de "transição", que se constitui na mudança de sua concepção política e das relações entre as escolas. A Coordenação Nacional continuou na UECE.
O 1º CEBEV desta gestão foi crucial para a reestruturação da ENEV. Ocorrido em novembro de 1994, em Igarapé, na fazenda da UFMG (com presença das escolas: UECE, UFG, UFMG, UFBA, USP e UFRGS), além de se discutir e encaminhar o MEV, este CEBEV teve como principal ponto, o fim das rixas internas até então existentes dentro da ENEV que atravancavam o desenvolvimento de seu trabalho.
Outro ponto importante deste CEBEV foi a conscientização da Executiva da importância do CBICCA (Congresso Brasileiro de Iniciação Científica das Ciências Agrárias), congresso esse (teoricamente) promovido pelas três executivas da área de ciências agrárias: FEAB (Agronomia), ABEEF (Engenharia Florestal) e ENEV e que pelos próprios problemas enfrentados pela ENEV até então, a Veterinária estava ausente de sua organização e até mesmo a sua participação durante o evento era insignificante.
Realizou-se então uma reunião da ENEV com a coordenação Nacional da FEAB em Viçosa - MG, que não foi muito produtiva e o XIV CBICCA aconteceu neste mesmo ano sem presença significativa da veterinária. Estavam presentes além do CA de veterinária da UFV, apenas a coordenação regional SE-1 da ENEV.
Em janeiro de 1995 realizou-se o 2º CEBEV da gestão 94/95 em Pirassununga-SP e, finalmente no 3º CEBEV da gestão, ocorrido em Fortaleza - CE, foi extinto o último resquício das "rixas", tornando-se a ENEV uma entidade realmente unida, mas a ENEV não estava livre de todos os problemas... A comissão organizadora do ENEVET estava desarticulada e não pode estar presente no CEBEV. A ENEV então garantiu a estrutura política do ENEVET deixando apenas a estrutura física para a comissão organizadora. Então, em 1995, na fazenda da USP em Pirassununga, apesar das varias dificuldades enfrentadas pela comissão organizadora, aconteceu o XIV ENEVET com o tema "O Ensino de Veterinária do Acadêmico ao Profissional", tendo como subtemas a criação de novas escolas, etc.
Neste encontro mudou-se a estruturação da ENEV, sendo criadas as secretarias de Arquivo e Documentação, Movimentos Sociais, Organização e Formação Política, Ensino e Formação Profissional, Ecologia, Cultura e as Secretarias por Escola e as secretarias de Ciências Agrárias e Imprensa foram dissociadas da Coordenação Nacional. A Coordenação Nacional foi mais uma vez para a UECE, mas devido a dificuldades da escola, seu trabalho foi dividido com a UFMG que ficou responsável pelo XVI CBICCA e pela rearticulação da Regional Sul, que há tempos se apresentava deficiente e, saiu do ENEVET sem coordenação.
Outro ponto problemático desse ENEVET foi a sucessão do próprio encontro. Como a ENEV estava em transição entre os quadros antigos e os novos, e não houve um trabalho de base eficiente, não existia nenhuma escola preparada para sediar o evento. O próximo ENEVET foi então para a UFV, que estava representada apenas por um estudante no encontro que acabou cedendo à pressão e heroicamente assumiu sozinho a organização do XV ENEVET.
A participação da ENEV e da Veterinária como um todo no XV CBICCA ocorrido em novembro deste ano em Maringá - PR, mais uma vez foi deficiente, mas representou um importante avanço no qual se conseguiu contato mais firme com algumas escolas do Sul e com a FEAB e a ABEEF, o que permitiu a rearticulação da regional Sul e uma maior participação da ENEV na construção do XVI CBICCA.
Em janeiro de 1996, para aumentar a integração entre as Executivas, pela primeira vez a Coordenação Nacional da ENEV participou de um Estágio Interdiciplinar de Vivência, promovido pela FEAB, em Viçosa - MG, e em fevereiro, a secretaria de Arquivos e Documentação participou da reunião de repasse do CBICCA realizada em Santa Maria - RS.
Grandes vitórias foram conseguidas nesta gestão da ENEV, destacamos principalmente o reconhecimento pelas entidades de Veterinária, da ENEV como entidade máxima de representação dos estudantes de veterinária e a incorporação da ENEV na estrutura da ABEMVET (Associação Brasileira de Ensino de Medicina Veterinária), entidade promotora do Seminário Nacional de Ensino de Medicina Veterinária. O fortalecimento interno da Executiva e a consolidação dos contatos, não só com as escolas que nunca participaram do ENEVET, mas também das que participam ou já participaram. Por outro lado, o trabalho de base ainda foi deficiente, e a ENEV continuou sem quadros novos.
O XV ENEVET, em 1997, ocorrido em Viçosa, com o tema "Ciências Agrárias Saúdo pública - O Veterinário na Construção da Cidadania" acabou sendo um sucesso em organização. Apesar do adiantamento do encontro para setembro, devido à greve das universidades públicas, houve participação significativa de mais de 200 estudantes vindos de 14 escolas, no entanto mais uma vez a ENEV foi deficiente em seu trabalho de base, e novamente houve problemas na sucessão, sendo que ao final do encontro, não se tinha uma sede para o próximo ENEVET e a Coordenação Nacional acabou sendo "empurrada" para a UFRPE, sendo que o trabalho mais uma vez foi dividido, ficando a UFMG responsável pelo CBICCA, e pela relação com outras executivas e UNE e a UECE pelas questões de ensino da veterinária e relação com CFMV, etc. As coordenações regionais Sudeste 2 e Centro Oeste ficaram também sem sede.
Foram acrescentadas duas secretarias: de Esporte e de Relações Exteriores. Outra mudança estatutária importante foi a vinculação do 1º CEBEV das próximas gestões da ENEV ao CBICCA com a finalidade de aumentar, tanto a participação dos estudantes de veterinária no congresso, como o compromisso do MEV com o CBICCA.
Em outubro de 1996, aconteceu o XVI CBICCA em Santa Maria - RS, com o tema: "Desafios da Iniciação Científica para o Desenvolvimento Social, Frente a Globalização" que contou com a participação recorde da Veterinária. Estavam presentes cerca de 50 estudantes dos quais 8 pertenciam a ENEV. Foi realizado pela primeira vez durante o CBICCA um CEBEV tendo 9 escolas presentes. A sede tirada para o XVII CBICCA foi Goiânia - GO.
A participação na construção do CBICCA, embora tenha sido muito maior que nos anos anteriores, não foi ainda a ideal, pois como a ENEV ainda passava por um momento de crise, apenas as secretarias de Arquivos e Documentação e Ciências Agrárias e na "reta final" a coordenação regional sul estiveram presentes. Apesar de ter sido um avanço grande, de toda a comissão organizadora, apenas dois eram da Veterinária, e a ENEV, assim como "todo movimento estudantil, abandonou a comissão organizadora do XVI CBICCA, apesar dos compromissos firmados no XV. Por isso o CBICCA está a cara de Santa Maria, as Executivas não contribuíram em praticamente nada..." (avaliação feita na plenária final do congresso pelo comissão organizadora do XVI CBICCA). E em relação à sucessão a contribuição da ENEV também foi fraca, ficando polarizada a discussão entre a sede e a FEAB.
A relação com as outras executivas também melhorou bastante, mas ainda se percebiam claramente as rixas existentes, principalmente entre FEAB e ENEV. No CEBEV realizado em janeiro de 1997, na UFRRJ, Seropédica-RJ, a UFMT se comprometeu a sediar o XVI ENEVET, além de assumir a coord. regional Centro Oeste. Então, em julho de 1997, ocorreu o XVI ENEVET, em Cuiabá-MT, com o tema: "A Medicina Veterinária e o Neoliberalismo", onde pela primeira vez ocorreu o Curso de Coordenadores de Grupo. A ENEV e a comissão organizadora do XVI ENEVET não concordaram com os rumos do ENEVET, e a construção do evento acabou sendo problemática.
A secretaria de Arquivos e Documentação e de Imprensa foram fundidas e se transformaram em um único cargo (coordenação de Comunicação e Arquivo) dentro da estrutura da coordenação nacional. A nova coordenação nacional foi para a UFRRJ e o ENEVET para a UFPel e o XVII CBICCA ocorreu em Goiânia-GO, em novembro de 1997. A organização desse congresso foi muito problemática, pois a comissão organizadora local e as três executivas promotoras do evento não concordavam entre si. Houve então uma grande aproximação entre a ENEV, FEAB e a ABEEF. Ao final do congresso, por não concordar com os posicionamentos da comissão organizadora local (Goiânia-GO), a ENEV e a ABEEF se retiraram da organização do XVII CBICCA. A UFMT assumiu a realização do XVIII CBICCA. Em 1998, ocorreu em Pelotas-RS o XVII ENEVET, que teve muitos problemas em sua organização, sendo um encontro onde praticamente só estavam presentes os militantes da ENEV, tendo um total de menos de 100 (cem) participantes. Como resultado, a discussão política foi elevada, mas o trabalho de base deixou a desejar.
A Nova coordenação nacional foi para a UFMT e o ENEVET para Fortaleza-CE. Nesse ano, além da organização do XVIII CBICCA a ENEV visitou várias escolas de veterinária do país, melhorando seu trabalho de base. Teve uma atuação importante no CONUNE (Belo Horizonte-MG), e pela primeira vez foi realizado o Seminário de Construção do ENEVET. No XVIII CBICCA, ficou decidido que em 1999 não seria realizado outro congresso, e sim o Seminário de Ciência e Tecnologia, com o objetivo de repensar o CBICCA, que já não estava mais atingindo o seu objetivo. Em agosto de 1999, em Fortaleza-CE, aconteceu o XVIII ENEVET. A Coord. Nacional foi pra Pelotas e o ENEVET pra UFG. E em julho de 2000, o XIX ENEVET ocorreu em Goiânia-GO. A coord. Nacional da ENEV ficou em Goiânia e o XX ENEVET foi para a UFF.
No ano de 2001 o XXI ENEVET aconteceu em Santa Maria, na UFSM, e a temática foi “A Medicina Veterinária e a Sociedade”. A coordenação nacional ficou sediada na própria escola, sendo composta pelos estudantes Marcos Piccin, Maurício Piccin e Sérgio Barcelos. A Gestão “A luta não pode parar” começou todo debate sobre a construção do Projeto Político Pedagógico da Medicina Veterinária (PPPMV) de forma consciente já que todos os cursos de Veterinária do país passariam pelos processos de reforma curricular. Buscando, então, ampliar as discussões a ENEV começou a Campanha Nacional para construir o SENEV (Seminário Nacional de Ensino da Veterinária) e Rediscutir a Veterinária como nossos predecessores em 1959. Além disso, começaram a dar os primeiros e importantes passos para construção de um programa que pudesse trazer para dentro da universidade a discussão da questão agrária. Nasceu o Programa Nacional de Formação. Foi durante essa gestão que o Movimento Estudantil da área da saúde e Ministério da Saúde fizeram a parceria para construir um estágio interdisciplinar de vivência no Sistema Único de Saúde (SUS) – VER-SUS/Brasil. A discussão questionando o Exame Nacional de Certificação Profissional (ENCP) também foi acesa e todos os encontros deliberaram pela luta da ENEV para a derrubada do exame. Nessa gestão se ampliaram os contatos com as escolas do país. O XXII ENEVET ocorreu em Curitiba-UFPR no período de 07 a 13 de setembro de 2003, com a temática “A Medicina Veterinária frente à saúde pública e a reforma curricular”. A coordenação nacional foi aclamada para UFSM – assumiram os estudantes: Aline Muller, Esther Elisa Wachholz, Laimar T. Pedroso e Ronaldo Decker. A Gestão “Cabe a Nós Transformar” assumiu a construção do SENEV, que ocorreu de 4 a 6 de março de 2004 em Brasília. Durante o SENEV, foram discutidos os rumos do ensino em veterinária. Através dos grupos de discussão e de trabalho conseguimos debater a Veterinária ligada a Ciência e Tecnologia, Saúde, Organização Curricular, Metodologia de Ensino e Capacitação Docente, estágios e Meio Ambiente e em plenária final expor nossas propostas de melhoria de ensino.
Aconteceram também naquela gestão dois CEBEV`s: na UFRPE( 08 a 12 de janeiro) e na UFRRJ( 10 a 12 de junho). O projeto-piloto de VER-SUS ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro de 2004, sendo que 6 estudantes da Veterinária participaram. Na ótica do PNF – várias escolas em todo o país construíram seminários, estágios de vivência e CEPA´s. Várias vitórias em cima do Exame ENCP forma alcançadas em diversos estados e escolas do país, com a ajuda da campanha nacional pelo fim do ENCP. Através das visitas as escolas conseguimos aumentar em muito nossos contatos. Os estudantes de veterinária estão cada vez mais cientes da representação da ENEV e do apoio que esta propicia. A discussão da questão agrária, da saúde, da reforma curricular, do ENCP foi aumentada de forma considerável o que garante um Movimento estudantil da veterinária cada vez mais articulado.
O XXIII ENEVET ocorre em Belo Horizonte/MG, na UFMG, durante os dias de 31 de julho a 8 de agosto de 2004. Os principais eixos temáticos são mantidos, sobretudo no processo recente que a Executiva estava de construir vários Estágios Interdisciplinar de Vivencia (EIV's) em todo o país. Assume ao fim, a nova CN, com a UFRRJ, que ainda fica incubida de construir o próximo Encontro, em Seropédica/RJ. Dessa forma, em 2005, acontece então o XXIV ENEVET o qual, se mostrava muita maturidade nos debates, já começava a dar mostras de esvaziamento dos espaços da ENEV. Ainda assim conta com aproximadamente uma centena de estudantes, e a Coordenação Nacional acaba por ficar com a UFRPE, que também assume a construção do Encontro seguinte, o XXV ENEVET, em Recife/PE em 2006.
A Coordenação Nacional da ENEV fica mais uma vez na UFRPE. A nova gestão assume sob o nome “Nosso sacrifício é consciente. É a quota a pagar pela liberdade”. Frase célebre de Che Guevara, apontamento da dificuldade de mobilização que a Executiva passava, sinal dos tempos do Movimento Estudantil no país como um todo. Acontece ainda nesse ano um CEBEV em Conselheiro Lafaiete-MG, na Unipac, instituição particular que muda um pouco o caráter de discussão em torno de qual defesa de educação a Executiva iria fazer. Mantém-se a pauta pela educação pública e gratuita, mas atenção especial deve ser dada também aos casos do ensino privado. Este CEBEV coloca como apontamento um tema novo para o próximo Encontro Nacional, que é do “Bem-Estar Animal”. Mesmo sob discussões polêmicas dentro da Diretoria da Executiva, o tema segue em frente perpassando pelo outro CEBEV que aconteceu em Janeiro de 2007, em Belo Horizonte, até o 26º ENEVET propriamente dito em Salvador-BA, na UFBA. Esse período ainda ficou marcado pela aproximação que a Executiva teve na construção dos Estágios Interdisciplinares de Vivência (EIV´s), sobretudo em Minas Gerais, e contando com a participação de militantes da Executiva enquanto estagiários deste, que aconteceu entre Janeiro e Fevereiro de 2007.
Do 26º ENEVET, podemos dizer que a ENEV começa um novo ciclo (que se estende até os dias de hoje) no qual a maioria das referências militantes se formam em seus cursos, exigindo uma maior força e dedicação dos “novos” que ali assumiriam. Ainda assim nesse ENEVET novos contatos foram feitos, com especial atenção à UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia), de Belém-PA. Contato que se perde, assim como de muitas outras Escolas. O ENEVET em si teve boa participação, sobretudo com a curiosidade e renovação nos debates com a temática “O Bem-Estar Animal e o Impacto do Antropocentrismo sobre a relação humana e entre as espécies”. Deste ENEVET assume uma Coordenação Nacional (gestão “A beleza de ser um eterno aprendiz”) de duas escolas: duas estudantes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, e um da própria UFBA. As perspectivas de organização, inicialmente com grande expectativas devido ao grande número de Coordenações Regionais assumidas (Sudeste, Sul, Nordeste e Norte), é frustrada diante da pouca articulação entre os mesmos. Têm-se ainda no mesmo ano de 2007 um CEBEV em Salvador, que encaminha o próximo Encontro Nacional para Belo Horizonte-MG. Foi um CEBEV com participação, além da CN e da Escola local, apenas do próprio grupo da UFMG, que viria a assumir a Comissão Organizadora do Encontro que viria a ser realizado no ano seguinte. Assim, decide-se não se realizar outro CEBEV, a partir da avaliação de dificuldade de organização para os mesmos e necessidade de se concentrar forças para o ENEVET.
A necessidade de se debater a formação profissional volta à tônica dos debates, e o 27º ENEVET, realizado em Belo Horizonte em Julho de 2008, tem como temática “O estudante construindo alternativas para o ensino de Veterinária”. Tentava-se ali ressaltar o papel protagonista do Estudante no debate de ensino e educação em sua Escola. Porém, a participação no Encontro é muito baixa, e dessa avaliação vê-se a necessidade de se pensar novas formas de atrair o estudante para a militância. Além disso, buscar contatos com novas escolas torna-se tarefa urgente. Diante desse cenário assume, na figura de três estudantes da UFMG, a Coordenação Nacional sob o nome “Faz escuro, mas cantamos”. Significado do momento da Executiva e do ME, mas significado também da esperança que se reacendia diante da possibilidade de se renovar.
As limitações são colocadas, e constrói-se um CEBEV em Belo Horizonte, em dezembro de 2008, no qual conta com a participação, com exceção da CN, apenas de novos estudantes que nunca haviam participado de um espaço da ENEV, e também de escolas que há muito não participavam. Eram elas UFMT, Unesp-Botucatu, UEL, UFLA e UFRRJ. Esse cenário exigiu um esforço maior de formação de base, requerendo tanto dos CEBEV's quanto ENEVET's que viriam, uma formação mais básica sobre os eixos históricos que a Executiva defendeu. E mais um desafio, creditar a confiança de construção de um próximo ENEVET em uma Universidade que não tinha há algum tempo histórico dentro do MEVET. É assim que assume a tarefa do XXVIII ENEVET o DA da Unesp de Botucatu, que o constrói sob metodologia semelhante ao último. Acontece em 2009, sob o tema “Saúde Pública: de quem é a culpa?”. No Encontro estavam presentes poucas Escolas, mas incluído aí mais pessoas que já tinha experiência com o Encontro. Sob o desafio de manter uma estrutura mínima e garantir o máximo possível de articulação e novos contatos, assume a CN a Unesp e UFRPE.
O nome da gestão caracteriza a etapa que vive a Executiva: “Plantando sementes”. É retomada, embora de forma ainda insipiente, algumas passadas, sobretudo no Nordeste e no Norte, articulado à FEAB. Ocorre, no fim do mesmo ano, um CEBEV em Botucatu/SP, no qual foi debatido intensamente a necessidade de se buscar novas metodologias para atrair estudantes para o Movimento Estudantil. É colocada a necessidade de se haver maior formação dos Coordenadores dos fóruns. Com a presença expressiva do DAMVET da UFSM, os mesmos assumem a construção do XXIX ENEVET, que ocorre em 2010, em Santa Maria/RS, sob a temática “Formação Profissional: que profissionais queremos ser?”. Embora com limitações, é retomado a ideia do curso de coordenadores, bem como é colocado em pauta, novamente, a necessidade de se articular com maior intensidade ao Movimento Estudantil Geral.
A Executiva atualmente passa ainda por um processo recente de reorganização e renovação do quadro de estudantes que a constroem. É colocada ainda mais em pauta a necessidade de se buscar novos contatos, realizar mais passadas, estreitar os laços de organização para que tudo seja construído coletivamente. É nessa perspectiva que assume a atual Coordenação Nacional, contando com participação de estudantes da UFSM, UFRPE e UFMG. O primeiro indicativo dado é a construção de um CEBEV, em Belo Horizonte/MG, ainda nesse ano de 2010.
E assim a história se segue, do passado ao presente, apontando um novo futuro. Convidamos à todos os estudantes de Veterinária do país a fazerem parte dessa história!
Autores:
Aline Muller*
Esther Elisa Wachholz*
Laimar T. Pedroso*
Ronaldo Decker*
Alexandre Zambelli**
Aline Muller*
Esther Elisa Wachholz*
Laimar T. Pedroso*
Ronaldo Decker*
Alexandre Zambelli**
* Autores da versão original, que versava até 2004.
** Responsável pela atualização da versão original, até o presente ano de 2010.